1. //Tag script para receber código JS 2. O amor é relativo! | ✿ઇઉ ♥Lidi e suas neuras!!!!!!!♥ ઇઉ ✿

It´s time to set my free!

O amor é relativo!

29 de abril de 2009 | ✿Lidi Dimbarre Tullio ஜீ


Os sonhos se encontram. Sim, cada vez que dormimos, os sonhos nos roubam a imagem física e fogem de nossas cabeças, levantando vôo. Voam tão longe, tão longe, que ultrapassam os limites das casas, passam desesperados pela fiação, resvalam nas ondas das telecomunicações e, às vezes, batem em outros sonhos.Certa vez um garoto e uma garota se encontraram em sonho. Os sonhos dos dois se chocaram mais ou menos perto do trópico de câncer, na esquina da quinta estrela a leste, onde, dizem, morou por alguns anos o Divino. Foi amor no primeiro sonho. Amor? Mais que amor! Foi algo extraordinário, acima da compreensão de qualquer um, algo eterno, parece que criado quando ainda não havia nada, só poeira cósmica. Então o garoto e a garota decidiram se encontrar fora dos sonhos.Mas às nove horas do dia dezenove de fevereiro do ano da graça de dois mil e nove, o garoto e a garota, amantes em sonho e fustigados pelo ardor incessante em seus respectivos corações, chegaram a constatação mais esclarecedora que se poderia encontrar desde a teoria da relatividade: não há nada, nadinha de nada, merreca de nada, nada de coisa nenhuma, nada, absolutamente nada mais difícil que encontrar o seu amor.– Sim – pensou o garoto – considerando que o planeta não passa de uma pequena ervilha na imensidão do universo, que a história da humanidade começou nos últimos momentos do segundo tempo e que, por fim, tudo foi criado por Deus para realmente não dar certo, então, poderia ser perfeitamente cabível se ela, a garota dos meus sonhos, aparecesse aqui e agora.Mas não, ela não apareceu e eles não se conheceram. Tudo aconteceu assim: o relógio quebrou, o chuveiro queimou, na padaria o pão acabou, o café amargou, a mãe deu bronca, o pai não a levou de carro, o ônibus atrasou e o sinal abriu na hora errada. Tudo isso fez com que garota perdesse a oportunidade de tropeçar na calçada de uma determinada rua e de ser ajudada a se levantar pelo garoto dos seus sonhos, passante por acaso.– Não – pensou a garota – as coisas realmente não são planejadas para acontecer da maneira correta. Tudo é um grande e terrível acaso, acaso este que quando acontece cria um buraco negro que chupa todos os ingredientes da vida e os transforma em amor: amor salgado, amor doce, amor azedo, amor amargo, amor com gosto de sorvete, amor de gelatina, amor de morango e amor de chocolate.Mesmo assim nada dava certo. O garoto e a garota não se encontraram pessoalmente, mas continuaram se vendo em sonho: combinaram encontros, cinema, peças de teatro, pipoca no parque, presentes exóticos, lágrimas de alegrias, a forma como segurariam a mão do outro (a sua esquerda e a minha direita); combinaram também as brigas por ciúme, as brigas por besteira, as brigas sem motivo e as brigas que causam outras brigas; marcaram os desencontros causais, os pedidos de tempo, a separação e a volta com olhos marejados.Finalmente, a garota e o garoto perceberam que as coisas do amor precisam ser planejadas com antecedência; o acaso não funcionou, tudo ainda não passava de um lindo sonho. E em sonho, o amor não é o mesmo. Era preciso dar um basta e partir para a realidade. Então, a garota resolveu elaborar uma fórmula quântica-físico-matemática que lhe revelaria, se resolvida, onde estaria o seu amor. A fórmula dizia o seguinte:– A aritmética do amor se resume a uma equação de mais ou menos: ache a raiz quadrada do positivo, depois subtraia pelo negativo, aumente o positivo duas vezes, divida o negativo pelo positivo, multiplique por três o positivo e eleve à quinta potência o negativo. O resultado será mais ou menos o correto.O garoto, por sua vez, descobriu um outro jeito de encontrar seu amor em sonho: escrever poemas cifrados em todas as notas de dinheiro para que a garota visse e o encontrasse em determinado lugar.– As palavras são seres ruins – pensou o garoto – elas brigam comigo e eu discuto com elas sem parar. Escrever é uma tortura, uma batalha sem fim. Não há rima, não há ritmo, não há nada em toda a sua inexistência. Um nada que não passa de um grande depósito de caracteres. As palavras prestam tanto quanto os homens.Mas, infelizmente (ou felizmente), a fórmula falhou, os poemas no dinheiro também, tudo falhou. O amor falhou. E os dois desistiram do desejo de se encontrarem realmente. Às vezes, os sonhos se chocam novamente, mais ou menos perto do trópico de câncer, na esquina da quinta estrela a leste, onde, dizem, morou por alguns anos o Divino. Mas ambos sabem, mais do que nunca, que agora é esquecer o outro, pois tudo, tudo, mais que tudo, tudinho de tudo, absolutamente tudo, tudo foi criado para não dar certo.

Fonte: textolivre.com.br
Meus pupikinhos uma noite enluarada e feliz.

Tags: | 0 comentários

0 comentários:

Blog Widget by LinkWithin

ઇઉ Meus Anandos Seguidores! ઇઉ

.

.